quinta-feira, 5 de novembro de 2009

PITTY

Minha primeira postagem aqui.
Mas uma postagem que há tempos que gostaria de fazer. Em primeiro lugar, gostaria de dizer que não sou jornalista e nem sou formado em jornalismo embora eu goste de escrever reviews sobre shows e videogames quando as oportunidades aparecem.

É estranho. É com um misto de admiração e decepção que escrevo esse post pq durante uns bons anos Pitty foi uma grande influência pra mim como formação cultural e musical. Mas nos últimos tempos tenho percebido coisas que antes não eram perceptíveis ou simplesmente, realmente não aconteciam.

Pitty passou parte da adolescência formando bandas na Bahia, de onde a mídia sempre procurou divulgar o axé e outros ritmos musicais relacionados. De certa forma ela estava na contramão do que um artista baiano precisaria para chegar ao mainstream: se render às tradições locais que a mídia expunha a todos os espectadores e ouvintes em geral.

Trabalhou também em outras áreas, num estúdio de tatuagem e com mais não lembro o que mas sempre acredtando no seu potencial de compositora, de musicista, mostrando muita atitude e sinceridade para conseguir os seus objetivos.

Então em 2003, finalmente grava um disco pela Deck Disc e tem clipes lançados na mtv e músicas como Equalize, Máscara, Admirável Chip Novo começam a fazer sucesso nas rádios de todo o Brasil. Ao descobrir seu som fiquei muito eufórico porque finalmente um grupo ou cantor de rock retomava as raízes do estilo fazendo uma música que levasse os jovens a ter mais consciência de certos problemas com que eles conflitavam. Era uma porrada, fazendo um som pesado e totalmente em português. Talvez até aí não houvesse nenhuma novidade porque os Raimundos anos antes também alcançaram o estrelato com músicas pesadas e mistura de estilo, fundindo o hardcore com baião e outras vertentes.

Mas a Pitty era diferente, pelo menos até aquele momento. Tava fazendo uma música com letras decentes e não dor de corno ou música pra emo ouvir e depois apreciar melhor enfiando o cd no rabo. Aquilo tinha uma proposta não era qualquer merda.

O reconhecimento aumenta em 2004 e a Pitty começa aparecer mais na mídia aberta, embora sempre tocando ao vivo e em programas de grande audiência como Domingão do Faustão, Caldeirão do Huck, Bem Brasil na TV Cultura entre outros. Os fãs mais xiitas e os que acompanharam ela desde a época em que seu disco de estréia estourou começam a ficar descontentes. Pra eles artistas que vêm do underground tem que permanecer lá até o dia da morte, comendo o pão que o diabo amassou. Fazer sucesso e tocar na rádio é pecado. Se você é músico você tem que sofrer.

Enfim. Em 2005 ela lança o álbum Anacrônico, e é um álbum que marca a troca de guitarristas. Peu havia saído da banda no final de 2004 por motivos que sinceramente eu desconheço. É considerado péssimo tecnicamente, mas segundo a Wikipedia - que não é uma fonte muito segura de informações - ele é autor de todas as guitarras do disco Admirável Chip Novo. Sim, de todos os riffs, arranjos, acordes, etc. Ao vivo fazia muitas acrobacias com a guitarra e improvisava alguns solos no lugar dos riffs que havia gravado em estúdio. Em seu lugar entrou Martin Mendonça, um guitarrista mais técnico e que também já havia tido experiências anteriores com grupos de rock do cenário underground baiano.

O segundo disco apresenta ainda guitarras pesadas e um certo ecletismo quando se pensa nas vertentes possíveis do rock porém as letras são mais enigmáticas recorrendo muitas vezes à metáforas e à filosofia que não soa com uma mensagem tão direta e clara como seu disco de estréia. Ganha vários prêmios na MTV. Não necessariamente nesse ano, isso começou a ocorrer gradativamente durante sua carreira mainstream a ponto de ela chegar a um total de 43 prêmios como artista.

O terceiro disco foi lançado em 2007 é um registro ao vivo contendo os sucessos dos discos anteriores e duas músicas inéditas, Pulsos e Malditos Cromossomos. Um registro importante da carreira, mas que na minha sincera opinião foi lançado precocemente embora ela já tivesse material suficiente para um disco ao vivo me parece uma jogada de marketing pra se manter a todo custo no sucesso. E não duvido que tenha sido uma pressão da Deck Disc para esse lançamento porque hoje em dia é comum que artistas em começo de carreira lancem discos ao vivo para catapultar ou manter o sucesso.

O último disco, Chiaroscuro, apresentou mais uma mudança para os fãs da cantora: um disco mais eclético onde o rock pesado já não se faz tão necessário. Mas pra mim, sinceramente foi uma decepção total. Onze faixas ruins. Baixei o disco para ouvir e meia hora depois o mesmo já estava na lixeira do PC. O pior de tudo no entanto é a música de trabalho cujo refrão diz: "que vc me adora/que me acha FODA/Não espere eu ir embora pra perceber/ que você me adora/que me acha FODA/Não espere eu ir embora pra perceber (...)". E não, não é uma canção de amor. É uma resposta que ela dá às críticas pesadas que a imprensa em geral faz de seu trabalho desde o seu álbum de estréia. Só que eu acho que é justamente aí que ela esta pisando na bola. A melhor maneira de responder à imprensa é essa? Dizendo que é foda? Foi justamente nesse momento que começou a se achar foda que boa parte de seus fãs se sente dececpcionada perante a mais uma cantora que antes se destacava por ser DIFERENTE dos outros, agora ela é apenas a "PITTY FODA".

Guitardo.